Quando o trabalho se transforma em prioridade
A empresária Ana Paula Bessa, 27 anos, tem uma rotina profissional acelerada. Além de se dedicar de corpo e alma para a empresa no expediente, ainda trabalha em casa, em fins de semana e enquanto almoça. "Pago este preço por pensar em minha estabilidade financeira", desataca.
De acordo com os especialistas, não há nada de mais em querer ser um profissional competente e ter um bom salário. O problema começa, explicam, quando o trabalho se torna uma compulsão. A estas pessoas dá-se o nome de workaholics.
Ana Maria de Souza Tardelli, especialista em Gestão Estratégica de Empresas, afirma que os "fissurados" pelo trabalho sempre existiram, mas, que conforme o mundo foi sendo globalizado e a competitividade no ambiente corporativo se acentuou, a quantidade de indivíduos com este perfil aumentou consideravelmente.
"A popularização dos celulares, notebooks, tablets e novas tecnologias, tornou a comunicação mais veloz e eficiente, o que também contribuiu para que os workaholics se multiplicassem", ressalta.
Ana Maria revela que os executivos e empreendedores, de um modo geral, são os mais aficionados pela carreira, sendo acompanhados de perto por profissionais da área da tecnologia, jornalistas, médicos, professores, advogados, policiais e gestores, no entanto, acrescenta, qualquer um, independente da ocupação e posição hierárquica dentro da empresa pode apresentar esta característica.
Diferença
A psicóloga e psicanalista especialista na área de Recursos Humanos, Michelle Lopes Alves, declara que a importância em diferenciar aqueles que apresentam o vício dos que simplesmente são comprometidos com os afazeres da profissão.
Segundo ela, o principal divisor de águas entre as duas realidades está na imposição de limites e na forma de conduzir o que é ou não prioridade.
"Trabalhar a mais, uma vez ou outra, é normal, porém, quando falta tempo para participar de compromissos familiares e para comparecer a programas de lazer como a um happy hour com amigos, por exemplo, é sinal de algo está errado", alerta.
Entre os problemas que podem ser desencadeados pelo constante excesso de trabalho, Michelle elenca a dificuldade de relacionamento interpessoal e de autonomia e o desenvolvimento de conflitos internos na organização.
"O profissional com perfil workaholic deve perceber o comportamento inadequado e aceitar intervenção psicoterápica, pois somente assim formas de tratamento poderão ser estabelecidas para que adeque seu ritmo a um nível mais saudável", argumenta.