sábado, 6 de abril de 2013

Sr. Gato

Água

PAC Vs Mario

mario x pac man

Curiosidade

sexta-feira, 5 de abril de 2013

COM QUAIS LETRAS DEVO ESCREVER?

Miranda-Neto MH. Com quais letras devo escrever?

Arq Mudi. 2008;12(1):41-2.

RESUMO. O autor discorre brevemente sobre sua experiência, enquanto aluno, para aplicar

os conhecimentos ortográficos recebidos em sala de aula, comparativamente entre a língua

falada e escrita, no cotidiano.


PALAVRAS-CHAVE: ortografia; cotidiano; educação.

Miranda-Neto MH. With which letters should I write? Arq Mudi. 2008;12(1):41-2.

ABSTRACT. The author talks briefly about his experience as a student, to apply their

spelling knowledge received in class, comparing the spoken and written language in everyday

life.


KEY WORDS: spelling, daily life, education


Nasci em 1963, por isso foi no início da década de 70 que iniciei meus estudos, e o fiz numa escolinha rural multisseriada. Dentre as  atividades feitas na escola, uma das que mais me apavorava eram os ditados, que, aliás, eu encarava como tortura, pois além do S ora se confundir com o Z e ora com Ç, a gente não sabia o que fazer com os pontos e com as vírgulas (acho que nem a professora sabia). E o “U” e o “L” em final de palavras, esses dois eram motivos de a gente ir maU na prova... Ou será que era maL? Cabe aqui uma nota: minha professora da terceira série foi a solução para o problema dessas duas letras de som tão parecido. Era gaúcha, e a molecada logo se deu conta de que quando a palavra terminava em “U” ela falava feito a gente, mas quando terminava em “L” ela quase dava um nó na língua, e o som do “L” saía bem diferente do som do “U”. Com ela deixei de ter problemas para escrever “futeboL”. Naquela época eu achava que a
pronúncia dela deveria ser obrigatória em todo o território nacional, ou então deveriam abolir o “L” com som de “U” no final das palavras, para que assim não houvesse mais dúvidas na hora de escrever “futebou, mau, sau”, e o “L”não sofreria mais de dupla personalidade; quer dizer, dupla sonoridade, e teria sempre som de “LÊ”, como dizia um amiguinho meu que já veio do nordeste alfabetizado. Viram que “legau”? - Nordestino sabe das coisas, pois com “LÊ” podíamos escrever, sem qualquer dúvida, palavras como laranja, litro, leve... O “S”, então, eu não conseguia entender porque fazia parte do alfabeto, pois podia ser
perfeitamente substituído ora pelo “Z” e ora pelo “Ç”. Vejamos os exemplos: “caza e ançioso”. Mas enfim eu não podia reformar a maneira de escrever, e só me restava estudar muito para contornar situações que eu não entendia por meio da “decoreba”. Facilita-se de um lado, dificulta-se do outro... Embora minha querida professora gaúcha não deixasse dúvidas sobre quando usar “L” ou “U”, ficou mais difícil de saber na hora do ditado se uma palavra era escrita com um ou dois “R”, pois quando ela falava que alguma coisa tinha custado “caro” a pronúncia era a mesma de quando ela dizia que havia ido à cidade de “caro”, quero dizer, carro. Mas a gente se acostuma desde criança a contornar essas intempéries e até tira proveito da situação... Nesse caso, o proveito foi o de aprender a ficar atento ao que ela ditava antes e depois da palavra com “R”, e pensar como eu pronunciaria aquela palavra. Forçou-me também a memorizar uma regra básica, aquela de que no início das palavras a gente sempre usa um único “R”. Quando ela ditava textos era fácil, difícil era quando ela inventava de fazer ditados de palavras. Como adivinhar se ela queria dizer caro ou carro? O tempo passou, fiz mestrado e doutorado em anatomia humana e sou professor universitário, mas até hoje tenho muitas dúvidas sobre o que fazer com os pontos e com as vírgulas, e toda vez que vou escrever a palavra xícara, fico em dúvida se é com “X” ou se é com “CH”. Tenho quase
certeza de que é com “X”, mas na dúvida pego dicionário e confirmo. O bom de tudo isto é que graças a essa falha na minha formação pude conhecer e conviver, há muitos anos, com minha grande amiga Jeanette Monteiro De Cnop, doutora em Letras, que corrige tudo o que eu escrevo, e como sabe relativamente
pouco sobre o corpo humano, acaba aprendendo a cada texto meu que corrige e, em retribuição, sempre me ensina alguma coisa nova da língua. E eu penso: que bom que ninguém é perfeito, né? Assim a gente tem
sempre um motivo para se aproximar dos outros e fazer amigos.


SUGESTÃO DE LEITURA

Cilza Bignotto C, Jaffe N. Crônica na sala de aula.

2.ed. São Paulo: Itaú Cultural; 2004.



Minienciclopédia de poesia e crônica itaú cultural.

São Paulo, Brasil: Itaú Cultural. Disponível em:

http://www.itaucultural.org.br


Revista indexada no Periodica, índice de revistas Latino

Americanas em Ciências http://www.dgbiblio.unam.mx

(ISSN 1980.959X).

Continuação de: Arquivos da Apadec (ISSN 1414.7149)



Fonte: http://www.mudi.uem.br/arqmudi/volume_12/numero_01/6-Miranda-Neto.pdf